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Kulārṇava Tantra – Ullāsa 13

कुलार्णव तन्त्रम्
KULĀRṆAVA TANTRAM
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 त्रयोदश उल्लासः
trayodaśa ullāsaḥ
Décimo-Terceiro Ullāsa
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Tradução para o Português a partir
do estudo das Obras em Sânscrito com comentários para o Inglês por: 

Sir John Woodroffe,
M. P Pandit,
Prachya Prakshan &
Ram Kumar Rai
 गुरवे नमः
Oṁ Gurave Namaḥ 
Traduzido para o Português por:
... uma yoginī em seva a Śrī Śiva Mahadeva ...
Karen de Witt
2012/2013
© Todos os direitos reservados.
O livro está disponível para leitura on-line, mas não pode ser comercializado.
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Śrī Devi disse:

13:1 – Oh Kuleśa, Oceano de Néctar de Compaixão, Oh Deveśa ! amavelmente me fale das características do Guru e do Śiṣya.

Īśvara disse:

13:2 – Oh Devi ! Ouça, Estou falando o que Você me perguntou. A devoção ao Guru surge por meramente ouvir isto:

Características de Śiṣyas que devem ser rejeitados

13:3-22 – Oh Kuleśvarī ! o Guru deve desistir de ter por discípulo quem descende de ímpios; quem é mau; desprovido de boas qualidades; feio; o discípulo de outro; um herege; ineficaz; fantasia-se como instruído; com o corpo mais ou menos, ou com os membros deformados; coxo; cego; surdo; sujo; abatido por doença; excomungado; de boca suja; usando qualquer roupa que ele goste; de membros mal formados, movimentos, andar, discurso e olhar; sonolento; apático; preguiçoso; apegado a vícios como jogos de azar; sempre se escondendo por trás de armários, paredes ou pilares; inferior; desprovido de sinais externos de devoção, embora com devoção interna; dado ao exagero do discurso; seco; exilado; que apenas provoca os outros; astuto; impuro em relação à riqueza e à esposa; dado à realização do que é proibido e negligenciando o que deve ser realizado; divulgando segredos; destruindo o que deve ser realizado; como um gatuno; vacilante, decepcionante; sempre procurando falhas nos outros; conhecedor de magia; ingrato; escondendo o que está ao alcance; traiçoeiro; desleal aos seu mestre; pecaminoso; desconfiado; sempre em dúvida; não aspirando por realização; criminoso; querendo levar vantagem; raivoso; dando falso testemunho; enganador; orgulhoso de que ele é o melhor de todos; não verdadeiro; cruel; indecente no discurso; tagarela; de objetivo errado; de raciocínio errado; amante de briga; repreendendo outros sem razão; tolo; instável; aborrecido; caluniando pessoas por trás e falando bem pela frente; falando como um Brahmaṇe (embora sem aquele conhecimento); plagiador; laudatório; invejoso de boas qualidades; injurioso; perturbado; passional; tagarela; dado a más companhias; condenado de tudo; áspero; irritando os outros; transgredindo os costumes; falando os males de si mesmo; traidor de seu mestre; enganador de si mesmo; glutão e sensual; ladrão; dado a um modo animal; odiando, rindo, sofrendo, dado a raiva sem qualquer motivo; rindo excessivamente; inativo; satírico; libidinoso; despudorado; incitação a atividades falsas e más; dado ao ciúme, à intoxicação, à inveja, ostentação, egoísmo, com a mente em ciúme, áspera, cruel, mesquinha e raivosa; instável; miserável; covarde; fraco; entorpecido; aflito; adormecido em inteligência; estúpido; perplexo; dominado por atenção; um amante; desejoso e ganancioso; miserável; descontente; implorando por qualquer coisa; comendo em profusão; vagando; criando confusão; desonesto; desprovido de devoção, de fé, de compaixão, de paz e de conduta correta; fazendo brincadeira das palavras de seus pais, de seu Guru e dos sábios e santos; criando aversão em torno dos ingredientes da adoração do Kula e também soberbo de servir ao Guru; raiva de mulheres; falhando com a tradição; amaldiçoado por um Guru. Tais Śiṣyas devem ser rejeitados.

Características de Śiṣyas aceitáveis

13:23-30 – Oh Kuleśani ! o discípulo escolhido deve ser alguém dotado com auspiciosas características; dado à Sādhanā que leva ao Samādhi; de boas qualidades e cultura; limpo de corpo e de aparência; sábio; devotado ao Dharma; puro de mente; firme nas observâncias; de práticas verdadeira; dotado com fé e devoção; diligente; comendo esparsamente; de pensamento profundo; servindo sem motivo; investigativo; heroico; livre de pobreza de mente; habilidoso em todas as ações; limpo; agradecido a todos; crente em Deus; liberal; engajado no bem a todas as criaturas. Ele deve ser alguém que tem fé em modéstia; que não é dado ao engano em questões de riqueza, corpo, etc.; alcança o impossível; é bravo; entusiástico e forte; engajado em atividades favoráveis; não intoxicado; hábil; caridoso; verdadeiro; limitado e sorridente em discurso; não dado a culpar os outros; que compreende o que é dito uma única vez; inteligente; expansivo em inteligência; avesso a ouvir louvores de si mesmo e simpático em ouvir as críticas dos outros para com ele; mestre de seus sentidos; contido; inteligente; celibato; livre de preocupações, de doença, de inconstância, de aflição, de ilusão e de dúvida.

Características do Guru

13:31-37 – Ele deve ser alguém apaixonado em meditação, em louvor e em falar do Guru, adoração e prostração à Divindade; bem devotado ao Devatā Guru; adorador da Śakti; sempre na proximidade do Guru; agradando o Guru; constantemente bem engajado em sua frequência por mente, discurso, corpo; adotando comando do Guru; espalhando a Glória do Guru; conhecendo a autoridade da palavra do Guru; ocupado no serviço ao Guru; segundo a mente do Guru; funcionando como um empregado; livre de orgulho de classe, honra, riqueza na presença do Guru; não modificando a riqueza do Guru; aspirando por seus favores; afeiçoado pela narrativa do Kuladharma dos Yogīs e das Yoginīs e um praticante do Caminho Kaula; engajado no culto Kaula e semelhantes; não afugentado em desgosto dos ingredientes do culto Kula; engajado em Japa, Dhyāna etc., aspirando pelo Caminho de Mokṣa; amante das Escrituras Kaulas; avesso as textos da classe paśu. O Guru deve adotar Śiṣyas que possuem estas qualidades.

Características do Guru

13:38-50 – Oh Parameśāni ! e o Guru em si mesmo é alguém que é limpo de roupas/ornamentos; encantador; dotado com todas as características; perfeito em membros; conhecendo a verdade de todos os Āgamas, a aplicação de todos os Mantras; seduzindo o mundo; de aparência doce com um Deus; de semblante feliz, de fácil acesso; limpo. Ele é quem dissipa a ilusão e a dúvida; quem conhece o significado dos gestos; quem é sábio e conhece os prós e os contras; cuja atenção é direta e no entanto parece externa; quem conhece tudo; conhece o local e o momento; em cujo comando repousa os Siddhis (realizações); conhece o passado, o presente e o futuro; capaz de verificar e aprovar; capaz de perfurar interiormente; instruindo; calmo; compassivo para todas as criaturas; em cujo controle estão os movimentos de seus sentidos; conquistador dos seis inimigos do desejo, da raiva, ilusão da ganância, ciúme, orgulho; o principal, o mais elevado solene, que conhece a diferença entre o apropriado e o inapropriado; é um igual a Śiva e a Viṣṇu; bom; condena as doutrinas do adormecido; imaculado; sempre contente; independente; dotado com os poderes do Mantra; amante dos bons devotos; firme; misericordioso; fala com importante sorriso; querido para os devotos; sempre generoso; profundo, magnífico praticante; entusiástico na adoração de sua Divindade escolhida, do Guru, do mais velo, da Śakti; dado ao ritual dos três tipos sem culpa; regular, especificamente ocasional e voluntario; desprovido de raiva, ódio, medo, dor, ostentação, egoísmo; engajado na prática de sua ciência (vidyā); conquistando o Dharma e semelhantes; contente com o que vem por si mesmo; distinguindo entre bom e mau; não apegado às mulheres, à riqueza, às más companhias, ao vício etc.; com um sentimento de unidade com tudo; livre de dualidades; constante em observância; não mais ansioso; sem auto desejo e favoritismo; hábil; não negociando Mantra, Yantra e Tantra por causa de dinheiro ou aprendizado; não apegado, sem dúvidas, com um ponto de vista decidido, supremamente em conformidade ao Dharma, igual em louvor e crítica, silencioso, sem preferencia, livre de doenças. Oh Minha Amada ! Estas são as características de um Guru.

Embora sem formas os Gurus têm a forma de Śiva

13:51-52 – Oh Minha Amada ! Śiva é realmente onipresente, sutil, acima da mente, sem características, imperecível, da forma do éter, eterno, infinito; como pode então ser adorado? Isto é porque, compassivo por todas as criaturas Śiva toma a forma do Guru, e quando assim adorado com devoção, Oh Devi ! concede a liberação e a realização.

13:53-56 – Śiva não tem forma, Śiva não é percebido pelos olhos humanos; portanto, Ele protege o discípulo conforme o Dharma na forma do Guru. O Guru é ninguém mais do que o supremo Śiva revestido em uma pele humana; ele anda sobre a terra ocultado para conceder graça sobre os seus discípulos. Embora sem forma, Śiva, o reservatório de compaixão, toma uma forma para a proteção dos bons devotos e age no mundo como se ele fosse um chefe de família. Ele esconde seu olho sobre a testa, sua lua crescente e suas duas mãos e funciona na forma do Guru sobre a terra.

Brahmā, Viṣṇu Śivatva de Śrī Guru

13:57-63 – O  Guru não é outro além de Śiva sem Seus três olhos, Viṣṇu sem Seus quatro braços, Brahmā sem Seus quatro rostos. Para ele que está carregado com Karma pecaminoso, o Guru parece como um ser humano; mas para quem cujo Karma é duvidoso, meritório, o Guru parece como Śiva. O menos afortunado não reconhece o Guru, corporificação da Suprema Verdade, mesmo quando o vê face a face, assim como o cego diante do Sol nascente. Verdadeiramente, o Guru não é ninguém mais do que Sadāśiva; que é a verdade; não há dúvida disto. O próprio Śiva é o Guru; caso contrário que é que dá a realização e a liberação? Não há diferença entre Deus Sadāśiva e o Guru; é pecado fazer qualquer distinção. Ele é o Guru porque tomando a forma do Preceptor, ele corta à parte todos os laços do paśu e o leva ao supremo estado. Reservatório de compaixão, Īśvara, sendo a fonte de toda a Graça, toma a forma do Guru e liberta o ‘animal’ por sua Iniciação.

Nenhuma diferença entre a Divindade, o Mantra e o Guru

13:64-66 – Assim como um vaso, cântaro, jarro (ghaṭa, kalaśa, kumbha), todos designam a mesma coisa, semelhantemente o Devatā, o Mantra e o Guru, tudo designa o mesmo assunto. O Devatā, na verdade, é igual ao Mantra; o Mantra, na verdade, é igual ao Guru. O fruto de adoração do Devatā, do Mantra e do Guru é o mesmo. “Tomando a forma de Śiva, Oh Pārvati ! Eu aceito a adoração assumindo a forma do Guru Eu separo os laços do nascimento”.

Características de um Guru superior

13:67 – Ele é quem faz conhecer: “Eu sou o conhecedor da essência de toda Filosofia, Eu sou o núcleo, que é inseparável (de Brahman) e que sempre agradado no coração” – ele é o Guru.
13:68 – Quem deixa de lado a sequencia dos Āśramas (estágios da vida) e dos Varṇas (classe social) e habita sempre em seu próprio eu, a quem a própria Suprema Luz é tanto Āśrama e Varṇa, de modo que o  Yogī é o Guru.
13:69 – Oh Minha Amada ! quem conhece a organização dos seis Adhvān (ou seja, o Varṇa ou Mantra; Pada, Yantra, Kalā, Tattva e Bhuvana), dos seis Cakras/Ādhāras (ou seja, Mūlādhāra, Svādhiṣṭhāna, Maṇipura, Anāhata, Viśuddha, Ājñā) e dos dezesseis Ādhāras (ou seja, Mūlādhāra, Svādhiṣṭhāna, Maṇipura, Anāhata, Viśuddha, Ājñā, Bindu, Kalā, Nibodhikā, Ardhendu, Nāda, Nādānta, Unmanī, Viṣṇucakra, Dhruvamaṇḍala e Śiva) em sua ordem apropriada é o Guru.
13:70-71 – Cuja visão é estável mesmo sem visão, cuja mente é estável mesmo sem seu objeto, e cujo Prāṇa ( -Vāyu) é estável sem esforço, que conhece a Verdade que é nascida da pura Consciência, nascida da Suprema Bem-aventurança – ele, Oh Kulanāyike ! é o Guru.
13:72 – Aquele que conhece o passado, o futuro, o Tantra e o Mantra, que conhece as Doutrinas do Śākta e de Śāmbhu, e também os seis Vedhas (Aṇava, Śākta e Śāmbhava. Cada um desses subdivididos em dois, ou seja, Bāhya e Ābhyantara) ele é o Guru que perfura o sutil.
13:73 – Aquele que pode purificar os seis Adhvāns conhecido como Pada, Varṇa ou Mantra, Kalā, Yantra, Tattva e Bhuvana, ele, Oh Minha amada ! é chamado Guru.
13:74 – Aquele que conhece bem o Vedha (perfuramento), o Pada (ghaṭa ou o objeto), Virodha (Nirodha ou obstrução), Grahaṇa (amarra) e Mokṣaṇa (liberação), ele, Oh Minha Amada ! é chamado Guru.
13:75 – Oh Devi ! quem conhece os cinco Estados de Desperto, Sonhando, Sono Profundo, o Quarto Turīya e o Quinto Turīyātīta (além de Turīya), ele é chamado Guru.
13:76 – Oh Minha Amada ! quem conhece bem estes Quatro – Piṇḍa, Pada, Rūpa e Rūpātīta, ele é chamado Guru.
13:77 – Quem conhece os quatro tipos de discurso – Parā, Paśyantī, Madhyamā e Vaikharī, ele é chamado Guru.
13:78 – Quem conhece os quatro tipos de Verdade na forma de Ātma, Vidyā, Śiva e Sarva, ele é, Oh Parameśāni ! o Guru; ninguém mais, Oh Minha Amada !
13:79 – Quem conhece os três tipos de operação de remover os laços, da Iniciação pelo Vedha, e do que mantém o Paśu é o supremo Guru.
13:80 – Quem conhece o significado místico de Pada (estação), Pāśa (laço) e Paśu (animal), ele é chamado, O Varārohe ! o Guru.
13:81 – Quem conhece o triplo simbolismo do Cakra, do Mantra e da Pūjā, ele, Oh Minha Amada !, é o Guru.
13:82 – Quem conhece a verdadeira posição dos três Liṅgas chamados Bāṇa, Itara e Svayambhu, ele, Oh Minha Amada, é chamado um Guru.
13:83 – Quem é capaz de purificação dos três Malas (Impurezas) conhecidos como Āṇava (originando do eu), Kārmaṇa (originando dos Karmas) e Māyīka (originando de Māyā), ele é o supremo Guru.
13:84 – Oh Mahādevi ! quem conhece os três Vāsanās (impressões habituais) conhecido como Rakta, Śukla e Miśra (Kṛṣṇa), ele é o Supremo Guru.
13:85 – Quem conhece o Mahā Mudrā, o Nabho Mudrā, Uḍḍīyāna, Jalandhara e Mūla Bandha, ele é o Supremo Guru.
13:86 – Quem conhece em essência a correta classificação dos trinta e seis Tattvas, de Śiva a Pṛthivī, na Criação, ele é o Supremo Guru.
13:87 – Oh Minha Amada ! quem conhece os Yāgas internos e externos, o Kāla-Jñāna-Sthiti e a técnica de fazer belos Yantras, ele é um Guru.
13:88 – Quem verdadeiramente conhece o estado de unidade entre o micro e o macrocosmos, a constituição da cabeça, dos ossos e número de cabelos etc., ele é, Oh Minha Amada ! um Guru; ninguém mais.
13:89 – Quem tem um conhecimento experiente de Padmāsana etc., dos oitenta e quatro Āsanas e dos Oito tipos de Yoga, ele é o supremo Guru.
13:90-91 – Ódio, dúvida, medo, vergonha, desgosto, disposição da família e casta, estes são os oito laços – enlaçado por estes laços é o Paśu. Livre destes laços é Śiva. O supremo Guru é aquele que remove esses laços.
13:92 – O Guru é aquele que conhece o selo do Yoni Mudrā, a revelação do poder consciente do Mantra, a forma real do Yantra e do Mantra.
13:93 – Quem conhece as quatro condições da mente; dispersada, movendo-se e saltando de um lado para outro, perturbada, passiva e gentil, ele, Oh Minha amada, é o Guru.
13:94 – Quem conhece o fruto do movimento de Jīva nas pétalas dos sete Lótus, de Mūlādhāra ao Brahmarandhra, ele, Oh Minha Amada ! é o Guru; ninguém mais.
13:95 – Quem recebeu o conhecimento da multidão de Tattvas, de Śiva e Guru, em sua ordem sucessiva, ele, Oh Minha Amada ! é o Guru; ninguém mais.
13:96 – Quando ele mostra a Verdade, o discípulo instantaneamente se torna Aquele e se considera Liberado – tal é o Guru, Oh Minha Amada ! ninguém mais.
13:97 – Eles são servidos como Gurus que dão uma alegria espontânea e remove os prazeres dos sentidos. Os outros são impostores que devem ser abandonados pelos Śiṣyas.
13:98 – É um Guru aquele que, com consideração, orienta o discípulo com medo do medo do Saṁsāra por meio das observâncias, jejuns e regras etc.
13:99 – Difícil é obter um Guru que, quando agradado, dá em uma fração de segundo a riqueza da Liberação e atraindo, o Śiṣya cruza o oceano do Saṁsāra.
13:100-101 – Difícil é obter um Guru Piedoso que dá ao discípulo sua própria capacidade em um momento sem qualquer cerimonia ou esforço; que dá instruções no conhecimento, o qual, instantaneamente, promove a fé, é fácil e dá felicidade ao Eu.
13:102 – Oh Devi ! o Guru é aquele que continua dando o conhecimento com facilidade, sem práticas esforçadas e semelhantes, assim como se mudando de ilha em ilha.
13:103 – Difícil é obter o Guru cuja mera instrução faz o conhecimento surgir, exatamente como alimento que dá instantâneo contentamento ao faminto.
13:104 – Muitos são os Gurus como lâmpadas em cada casa; mas raro é o Guru que ilumina tudo como o Sol.
13:105 – Muitos são os Gurus que são proficientes às máximas nos Vedas e nos Śāstras; mas raro é um Guru que alcançou a Suprema Verdade.
13:106 – Muitos são os Gurus sobre a terra que dão outras coisas que não o Eu; mas raro é o Guru no mundo que traz a luz de Ātman.
13:107 – Muitos são os Gurus que conhecem Mantras insignificantes e os medicamentos; mas raro é o Guru que conhece os Mantras proferidos pelos Nigamas, Āgamas e Śāstras.
13:108 – Muitos são os Gurus que roubam a riqueza de seus discípulos; mas raro é o Guru que remove as aflições dos discípulos.
13:109 – Muitos são eles que são dados à disciplina e conduta de acordo com o Varṇa (classe), o Āśrama (estágios da vida) e ao Kula (família); mas quem é desprovido de toda a vontade é o Guru raro de se encontrar.
13:110 – O Guru é aquele cujo mero contato permite fluir o supremo Ānanda; a inteligência do homem deve escolher tal pessoa como o Guru, e não outro.
13:111 – Pela mera visão dele, cuja inteligência é ativa, somente até o advento da experiência, adquire-se a liberação, não há dúvida disto.
13:112 – Raro é o Guru que devorou a Dúvida, o qual submergiu nos três mundos com tudo o que se move e o que não se move.
13:113 – Assim como na vizinhança do fogo a manteiga derrete, assim também na proximidade do santo Guru todos os pecados se dissolvem.
13:114 – Assim como a luz do fogo queima toda a madeira, quer ela esteja seca ou úmida, assim também o olhar do Guru queima, em um movimento, os pecados dos discípulos.
13:115 – Assim como uma pilha de algodão soprada por uma grande tempestade se dispersa em todas as dez direções, assim também a pila de pecados é levada embora pela compaixão do Guru.
13:116 – Assim como a escuridão é destruída pela mera visão de lâmpadas, assim também a ignorância é destruída pela mesma visão do santo Guru.
13:117 – É de fato o Guru aquele é que dotado com todas as características, conhece o caminho dos Vedas e dos Śāstras, conhece o procedimento de todos os meios e conhece a Verdade.
13:118 – Para aquele que é desprovido da Verdade, todo o conhecimento de adoração, Homa, Āśrama, conduta, ascese, peregrinações, observâncias, Mantra e Āgama é infrutífero.
13:119 – O estável se torna conhecido em si mesmo na suprema Verdade que deve ser realizada em si mesma. Se alguém não obteve a sua própria realização, como pode ajudar os outros a alcançar qualquer coisa?
13:120 – Quem conhece, não a realidade de Brahman na forma da Mente, situado em seu próprio corpo, como pode dar a Liberação a outro?

O conhecedor da verdade sozinho é o Guru verdadeiro

13:121 – Quem conhece a Verdade é o Guru mesmo embora ele seja desprovido de todas as características. O conhecedor da Verdade, por si só, é o Liberado e também o Liberador.
13:122 – O conhecedor da Verdade faz até mesmo o Paśu entender a Verdade. Mas quem é desprovido do conhecimento, como é possível para ele receber a Verdade do Eu?
13:123 – Aqueles que são instruídos pelos Conhecedores da Verdade se tornam, sem dúvida, conhecedores da Verdade em si mesmos. Oh Devi ! Aqueles que são instruídos por Paśus são, verdadeiramente, Paśus.
13:124 – É somente quem é perfurado em si mesmo que pode perfurar os outros; quem não é perfurado, dificilmente pode ser o perfurador. Somente o liberado pode liberar; como, de fato, pode o não-liberado ser o liberador?
13:125 – Somente o proficiente em conhecimento pode elevar o tolo; como, de fato, pode o tolo elevar o tolo? Somente o barco pode transportar as pedras; certamente uma pedra não pode transportar uma pedra.
13:126 – Por obter um Guru absorto somente nos assuntos do mundo e não conhecendo a Verdade, não se obtém nenhum fruto nem aqui nem no outro mundo.

Tipos de Guru

13:127 – Três são os Gurus entre os Śaivas; cinco dentre os Vaiṣṇavas; centenas nos Vedas e Śāstras; mas no Kula existe somente um Guru.
13:128 – Gurus são de seis tipos: 1. Preraka (impulsor); 2. Sūcaka (indicador); 3. Vācaka (explicador); 4. Darśaka (mostrador); 5. Śikṣaka (professor); 6. Bodhaka (iluminador).
13:129 – Destes, o primeiro dos cinco são, por assim dizer, os efeitos do último, o Bodhaka, assim como a Causa. A despeito dos muito Gurus, o Guru que dá a Iniciação plena, somente seu Pādukā, Oh Maheśanī ! é o venerado. Não há dúvida sobre isto.
13:130 – Tendo uma vez obtido um Guru que é dotado com características, que dissipa todas as dúvidas e dá o excelente conhecimento, não se deve escolher outro.
13:131 – Mas se a pessoa tem um Guru que não possui o conhecimento e sempre cria dúvida, não há problema em escolher outro Guru.
13:132 – Como a abelha ávida de mel vai de flor em flor, o discípulo ansioso por conhecimento vai de Guru a Guru.
13:133 – Assim eu descrevi a Você, em brevidade, as características do Guru e dos Śiṣyas. Agora, Oh Kuleśāni ! o que mais Você quer ouvir?


iti śrīkulārṇave nirvāṇamokṣadvāre mahārahasye
sarvāgamottamottame sapādalakṣagranthe pañcama-
khaṇḍe ūrdhvāmnāyatantre guruśiṣyalakṣṇaṁ

nāma trayodaśa ullāsaḥ ||13||