© Todos os Direitos Reservados. Não é permitido compartilhar o conteúdo deste Blog em outros sites. Este Blog está protegido contra cópias de seu conteúdo inteiro ou em partes. Grata pela compreensão.

Jyotiṣa para Iniciantes - Capítulo 1. Conceitos Básicos

1.1     O que é Astrologia?


Os planetas no céu estão constantemente em movimento em relação à terra. As posições do Sol, Lua e alguns planetas próximos à terra podem dar importantes pistas sobre o destino particular dos seres humanos e de grupos de seres humanos. Essa é a premissa básica na astrologia. Como exatamente podemos supor sobre o destino dos seres humanos, em particular e em grupos, baseados nas posições daqueles planetas no céu é a questão que tentaremos responder neste livro. Enquanto a astrologia é o tema que lida com esta questão, existem muitas teorias e filosofias em voga e elas são significantemente diferentes uma da outra.

A astrologia do horóscopo, por exemplo, é baseado na categorização de pessoas em doze grupos, baseada no mês solar do nascimento. Algumas pessoas podem ser convencidas, baseadas em suas experiências, que as pessoas nascidas no mesmo mês têm certas qualidades. No entanto, isto não é lógico de uma perspectiva racional – existem pessoas demais neste mundo que são totalmente diferentes uma das outras. Então, o mês do nascimento de alguém é totalmente inadequado para adivinhar a natureza, ou destino, dessa pessoa. Mesmo a data e o horário do nascimento não são suficientes. Sabemos que existem muitos gêmeos neste mundo, que são significativamente diferentes uns dos outros!

O que dissemos agora é, aliás, uma questão muito importante a ser respondida – é como um “uma prova de fogo” para qualquer doutrina astrológica. É um fato conhecido de que há muitos gêmeos neste mundo, que são significantemente diferentes do outro e que levam uma vida totalmente diferente. Claro, alguns gêmeos podem ter algumas qualidades em comum entre eles, mas o fato é que muitos gêmeos são significantemente diferentes. Uma doutrina astrológica deve ser capaz de explicar este fato a fim de ser considerado como um assunto significativo.

Muitas doutrinas astrológicas do mundo falham nesta prova de fogo. Se uma doutrina astrológica assume, como é o caso de muitas teorias astrológicas do mundo, que duas pessoas nascidas dentro de um par de horas nas cidades vizinhas terão a mesma sorte, então aquela doutrina obviamente é falha na integridade e inadequada para o uso confiante na vida real. Ela falha na prova de fogo de gêmeos.

1.2     Astrologia Indiana

Materialmente falando, a Índia pode não ser um país rico hoje, mas a Índia tem um riquíssimo patrimônio cultural. A profundidade de alguns dos antigos conhecimentos da Índia (como a astrologia) é incrível e faz uma maravilha se a história desta grande civilização for corretamente representada nas páginas da história moderna. A astrologia indiana é a mais o sistema de astrologia mais compreensivo e completo avaliado hoje, e é o único que se aproxima do que acabamos de mencionar de prova de fogo dos gêmeos. Ela pode explicar por que os gêmeos podem ser diferentes. Os princípios usados na astrologia da Índia são tão sensíveis às mudanças na hora do nascimento que as pessoas nascidas com 1 a 2 minutos podem ser significantemente diferentes em alguns aspectos e semelhantes em outros. Esta aproximação distingue entre o que uma pessoa realmente é, o que uma pessoa quer ser, o que uma pessoa pensa que é e o que o mundo pensa que ela é. Ela tem parâmetros suficientes, ferramentas, técnicas e graus de liberdade para modelar a vida humana extremamente complicada.

Por que Astrologia Védica ou Hindu?

Esta abordagem astrológica é conhecida no mundo por muitos nomes. Pioneiros da moderna astrologia indiana como Dr. B. V Raman, chama-a de “astrologia hindu”, porque esse sistema foi primeiramente ensinado por antigos sábios hindus. No entanto, algumas pessoas não gostam desta expressão porque “hindu” não é uma palavra sânscrita. Este termo foi cunhado posteriormente pelos invasores ocidentais a partir do nome de um rio na fronteira noroeste da Índia, o rio “Sindhu”, ou “Indus”. Eles usaram a palavra “hindu” para descrever as pessoas do lado oriental deste rio.

A religião praticada pela maioria dos indianos é conhecida como religião ‘hindu’ hoje, mas o fato é que não havia nome para esta religião na linguagem sânscrita da Índia, a linguagem no qual muito da literatura desta religião – e astrologia – surgiu! Muitas outras religiões são conhecidas pelo nome de seu propagador principal, mas a antiga religião da Índia não teve um único propagador, ou profeta. Esta religião consiste do conhecimento que se revelou por mestres espirituais de muitas gerações. Portanto, não havia nome para a religião e a palavra ‘hindu’, inventada pelos invasores ocidentais, foi aceita pelo mundo. No entanto, como já salientado, esta palavra não encontra lugar na literatura sânscrita. Algumas pessoas não gostam de usar uma palavra não sânscrita para descrever a astrologia da Índia, considerando que muito da literatura clássica da Índia em astrologia surgiu em Sânscrito.

Jyotiṣi – Um Praticante da Jyotiṣa

Mais tarde, autores vieram com o nome – “Astrologia Védica”. A palavra ‘védica’ significa ‘pertencente aos vedas’. Os vedas são escrituras sagradas do que hoje é conhecido como hinduísmo, que deveriam conter o conhecimento de todas as disciplinas. Além disso, a astrologia em particular é suposta ser um “Vedāṅga”, que significa um membro dos Vedas. Em particular, diz-se que é o olho dos Vedas. Assim, o nome “astrologia védica” está se tornando popular nos dias de hoje. Este autor também sugere o uso de “astrologia védica”, ou “Jyotiṣa (Jyotisha)”, significando “ciência da luz”. Jyotiṣi é um praticante de Jyotiṣa, ou seja, um astrólogo védico.


1.3 BÁSICOS


1.3.1 Grahas (planetas)

As palavras “planeta” e “estrela” são usadas em um sentido levemente diferente na astrologia do que na astronomia. Por exemplo, Sol (uma estrela) e Lua (um satélite da terra) são chamados planetas na astrologia, juntamente com Marte etc. Basicamente, um graha, ou um planeta, é um corpo que tem influência considerável sobre os seres viventes na terra. Estrelas distantes têm influências desprezíveis em nós, mas o Sol, a Lua e os planetas no sistema solar têm uma grande influência em nossas atividades. Assim, a palavra graha (ou planeta) é utilizada para descrevê-los.

Sete planetas são considerados na astrologia indiana. Eles são – Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno . Além disso, dois “Chāyā Grahas” (planetas sombrios) são considerados na astrologia Indiana – Rahu e Ketu. Estes são chamados também “nodo norte” e “nodo sul”, respectivamente (ou cabeça e cauda do dragão). Rahu e Ketu não são planetas reais; eles são somente pontos matemáticos.

Além destes 9 planetas, existem 11 pontos móveis matematicamente conhecidos como Upagrahas (sub-planetas, ou satélites). Temos também Lagna (ascendente), o qual é ponto que se eleva no horizonte leste quando a terra gira em torno de si mesma. Além disso, temos pontos conhecidos como “ascendentes especiais”.

1.3.2 Rasis (signos)

As posições de todos estes planetas, Upagrahas, Lagna e Lagnas especiais no zodíaco são medidos em graus, minutos e segundos do início do zodíaco (o qual é um ponto fixo no céu). Estas posições são medidas como vistas da terra, e elas são chamadas de “posições geocêntricas”. Para as posições (calculadas em graus, minutos e segundos) dos planetas, Lagna, Lagnas especiais e Upagrahas, usamos as palavras longitude e Sphuta. Quando vista da terra, a longitude de qualquer planeta no céu pode ser de 0º0’0’’ (0 graus, 0 minutos e 0 segundos) para 359º59’59’’. Note que 0º0’0’’ corresponde ao início do zodíaco. Muitos astrólogos ocidentais consideram Sayana1, ou zodíaco tropical (em movimento), ao passo que Nirayana, ou zodíaco sideral (fixo) é considerado na astrologia védica.


O zodíaco (céu) dura 360º como mencionado acima, e está dividido em 12 partes iguais. Eles são chamados “Rāśis” (signos). Os nomes em inglês, em sânscrito, símbolos de duas letras e valores do início e do fim da longitude (em graus, minutos e segundos) de doze Rāśis são dados na Tabela 1.

TABELA 1 


 

Nós seguimos até a 12ª casa como aquela. Basta lembrar que quando encontramos Peixes, vamos para Áries depois. Se nenhum ponto de referência está especificado quando as casas são mencionadas, isso significa que Lagna (o ascendente) é usado como referência. Se, por exemplo, Horalagna (HL) está em Câncer, a primeira casa, com relação ao Horalagna, está em Câncer. A segunda casa está em Leão (veja Tabela 1). A terceira casa está em Virgem. A Nona casa está em Peixes. A décima casa em Áries. A décima primeira casa está em Touro. A décima segunda casa está em Gêmeos.



1.3.4 Chakras (gráficos)

Uma “carta” (nome sânscrito: cakra) é preparado com a informação das Rāśis (signos) ocupados por todos os planetas. Para preparar qualquer carta, precisamos primeiramente determinar as Rāśis ocupadas por todos os planetas, Upagrahas, Lagna e Lagnas especiais. Na representação visual de uma carta, existem 12 caixas (e algumas outras áreas visuais) com cada um representando uma Rāśi (signo). Todos os planetas, Upagrahas e Lagnas são escritas nas caixas correspondentes às Rāśis (signos) que elas ocupam.

Existem 3 formas populares de desenhar as cartas na Índia:

1 – O estilo gráfico do Sul da Índia governado por Júpiter;
2 – O estilo gráfico diamante do Norte da Índia governado por Vênus; e
3 – O estilo gráfico do Sol do Leste da Índia governado pelo Sol.



Neste livro, todas as cartas serão dadas nos dois primeiros formatos.

Dos três formatos de cartas, 1 e 3 são baseados na Rāśi (signo), e o 2 é baseado no Bhāva (casa). No gráfico baseado na Rāśi, os formatos desenhados, uma Rāśi sempre está fixada em uma posição. Áries está sempre em uma posição particular e Touro em outra posição, e assim sucessivamente. Os planetas, Lagna etc., estão colocados na caixa (ou área visual), representando a Rāśi ocupada por ele. Nos gráficos baseados em Bhāva, nos formatos desenhados, um Bhāva (casa) está sempre fixada em uma posição. Lagna (descrito como Ascendente) está sempre uma área visual da carta, e a 2ª, 3ª etc., casas estão em posições fixas.




1.3.6 Nakatra (constelações)




Na astrologia Vedica, o zodíaco está dividido em 27 Nakṣatras. Cada Nakatra tem um comprimento de 360º/27 = 13º20’. No primeiro Nakṣatra, por exemplo, estende-se de 26º40’ em Áries. O terceiro Nakatra se estende de 10º de Touro. A lista dos Nakatras, com seus respectivos pontos iniciais e finais se encontra na Tabela 2. A tabela também dá os “Senhores Viśottarī” de todos os Nakatras. Isto será usado mais tarde.

Cada Nakatra é novamente dividido em 4 quadrantes. Eles são chamados Padas (pernas/pés). O comprimento de um Pada Nakṣatra é de 3º20’.


TABELA 2 – NOME DOS NAKATRAS


Para efeitos de algumas cartas especiais, como Kota Cakra e Sarvatobhadra Cakra, consideramos 28 Nakṣatra. O último quadrante do Uttara Aṣāḍhā é conhecido como “Abhijit”. Contudo, consideramos 27 Nakṣatra para todos os fins.


1.3.7 CALENDÁRIO SOLAR


No calendário solar, um ano é o tempo no qual o Sol se move por 360º e um mês é o tempo no qual o Sol se move por 30º. Estes são chamados “ano solar” e “mês solar”, respectivamente. Cada mês solar tem 30 dias, onde um dia significa exatamente o 1º movimento do sol. Este calendário será usado nas Daśās e na análise Tajaka.


1.3.8 TITHIS E CALENDÁRIO LUNAR


1.3.8.1 TITIHIS



No calendário lunar um dia representa um dia para uma Tithi. Tithi, ou dia lunar, é um período no qual a diferença entre as longitudes da Lua e do Sol mudam por exatamente 12º.


TABELA 3: NOME DAS TITHIS 




Quando o Sol e a Lua estão na mesma longitude, um novo mês lunar de 30 Tithis inicia. Conforme o tempo avança, a Lua passará à frente do Sol. Quando a longitude da Lua está exatamente a 12º superior à longitude do Sol, a primeira Tithi, ou dia lunar, termina, e a segunda Tithi se inicia. Quando a longitude da Lua está a exatamente 24º mais elevada do que a longitude do Sol, a segunda Tithi termina e a terceira Tithi se inicia. Quando a longitude da Lua está a exatamente 36º mais elevada do que a longitude do Sol, a terceira Tithi termina e a quarta Tithi se inicia. E assim por diante. Você pode ver que a longitude da Lua-Sol será diferenciada por (12 x n)º após exatamente “n” Tithis.

Um mês lunar consiste de 30 Tithis. Cada mês é dividido em duas quinzenas (Pakṣas). Durante o Pakṣa Śukla/Suddha, ou a quinzena clara, a Lua está crescente. Durante este Pakṣa, a Lua está à frente do Sol por um total que está entre 0º e 180º. Durante o Pakṣa Kṛṣṇa/Bahula, ou a quinzena escura, a Lua está em declínio (minguando). Durante este Pakṣa, a Lua está à frente do Sol por um total que está entre 180º e 360º.

No final de um mês, a longitude de Lua-Sol será diferenciada por (12 x 30)º, ou seja, 360º. Isto significa que a Lua terminará um ciclo em torno do zodíaco e se encontrará com o Sol novamente. Assim, Lua e Sol terão a mesma longitude novamente. Então, um novo mês começa.

Podemos encontrar o trânsito da Tithi em um dia das longitudes da Lua e do Sol usando o seguinte procedimento:

1. Encontre a diferença: (longitude da Lua – longitude do Sol), adicione 360º se o resultado for negativo. O resultado será entre 0º e 360º e mostrará o avanço da Lua com relação ao Sol.

2. Divida este resultado por 12º. Ignore o resto pegue o quociente.

3. Adicione 1 ao quociente. Você terá um número de 1 a 30. Isso dará o índice da Tithi em trânsito.

4. Consulte a Tabela 3 e encontre o nome da Tithi. Existem 15 Tithis, e a repetição das Tithis nas quinzenas claras e escuras. Por exemplo, pode ser visto na tabela que a 22ª Tithi fora das 30 Tithis está em Pakṣa Kṛṣṇa e é Saptami. Assim a 22ª “Kṛṣṇa Saptami”. Escrevemos a classificação de quinzena (Sukla ou Kṛṣṇa) primeiro e, em seguida, escrevemos o nome da Tithi. “Sukla Saptami” significa “Saptami” na quinzena clara (Pakṣa Sukla), ou seja, a 7ª Tithi. “Kṛṣṇa Saptami” significa “Saptami” na quinzena escura (Pakṣa Kṛṣṇa), ou seja, a 22ª Tithi.

1.3.8.2 Mês Lunar


Dizemos que um novo mês lunar se inicia quando o Sol e a Lua estão na mesma longitude. Quando a Lua estiver à frente do Sol, depois cerca de 29-30 dias, ele irá encontrar com o Sol novamente. Um novo mês lunar começará novamente.

Estes meses lunares têm nomes especiais. O nome de um mês lunar é decidido pela Rāśi (signo) em que ocorre a conjunção2 da Lua e Sol. Se o Sol e a Lua estão em conjunção em Peixes, por exemplo, inicia-se o Māsa Caitra. Estes nomes vêm da constelação que a Lua é mais provável de ocupar no dia da Lua Cheia. No mês que se inicia quando o Sol e a Lua conjugam em Peixes, a Lua é provável estar na constelação de Chitra (23º20’ em Virgem para 6º40’ em Libra) no dia da Lua Cheia (15ª Tithi – Pūrṇimāsyā). Assim o mês é chamado Caitra.


TABELA 4: MÊS LUNAR






NOTA: Contudo, usamos às vezes este termo aproximadamente. Se dois planetas estão no mesmo signo, mas não exatamente na mesma longitude, ainda dizemos que estão em conjunção.

Um ano solar tem cerca de 365.2425 dias, mas um ano lunar tem somente cerca de 355 dias. Uma vez a cada 3 anos essa diferença se acumula em um mês e um mês lunar extra surge. Este resultado na conjunção do Sol-Lua vem duas vezes na mesma Rāśi (signo). Por exemplo, a conjunção Sol-Lua ocorre a 0°23' Em Touro em 15 de Maio de 1999 às 5:35:32 pm (IST) e novamente à 28°29' em Touro em 14 de Junho de 1999 às 12:33:27 am (IST). A conjunção do Sol-Lua em Touro se inicia no Maasa Jyestha (Maasa = mês) conforme a Tabela 4. Assim, 1999 tem dois Maasas Jyeshtha. Um é chamado “Nija” Maasa Jyeshtha, e o outro é chamado “Adhika” Maasa Jyeshtha. Nija significa real e Adhika significa extra. Um Maasa Adhika (mês extra) vem uma vez a cada 3 anos e sincroniza o ano lunar com o ano solar. Este calendário tem sido usado na Índia por milênios.

1.3.9 Yogas

Adicione a longitude do Sol e da Lua. Remova 360º da soma se ela for maior do que 360º. Divida a soma pelo comprimento de um Nakṣatra (13º20’, ou 800’). Ignore as frações e tome a parte inteira. Adicione 1 a ele e o resultado é o índice do trânsito do yoga (conjunção). Consulte a Tabela 5 e encontre o yoga correspondente ao índice.

TABELA 5: YOGAS (CONJUNÇÕES) DE SOL-LUA





A longitude do Sol é 23º50’ + 9 x 30º = 293º50’ e a longitude da Lua é 17°20' + 6x 30° = 197°20'. A soma é 293°50' + 197°20' = 491°10'. Pela subtração de 360°, temos 131° 10'. Isto é o equivalente a 131 X 60 + 10 = 7870'. Pela divisão disto com 800', temos 9.8375. Ignorando a fração, temos 9. Adicionando 1 a ele, temos 10. Da Tabela 5, vemos que a 10ª yoga é “Ganda yoga”.

1.3.10 Karaas

Cada Tithi está dividido em 2 Karaṇas. Existem 11 Karaṇas: (1) Bava, (2) Bālava, (3) Kaulava, (4) Taitula, (5) Garija, (6) Vaṇija, (7) Viṣṭi, (8) Sakuna, (9) Chatushpada, (10) Nāga, and, (11) Kiṃtughna.


Os primeiros 7 Karaṇas repetem 8 vezes, iniciando da segunda metade do primeiro dia lunar de um mês. Os 4 últimos Karaṇa vem somente uma vez por mês, começando da segunda metade do 29º dia lunar e terminando na primeira metade do primeiro dia lunar.

1.3.11 Horā

Cada dia começa ao nascer do sol e termina no próximo nascer do sol. Este período é dividido em 24 partes iguais, sendo chamada hora. Uma HORĀ é quase igual a uma hora. Essas HORĀS são governadas por diferentes planetas. Os senhores da HORĀ vem em ordem decrescente de velocidade em relação à Terra: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua. Depois da Lua, voltamos a Saturno e repetimos os 7 planetas.

A primeira HORĀ de qualquer dia (ou seja, um período de uma hora seguindo o nascer do sol) é governada pelo senhor da semana (Sol para Domingo, Lua para Segunda feira, Marte para Terça, Mercúrio para Quarta, Júpiter para Quinta, Vênus para Sexta e Saturno para Sábado). Em seguida, listamos os planetas na ordem mencionada acima.

Por exemplo, tomemos 9:40 pm em uma Quarta feira, no qual o nascer do Sol foi às 6:10 am. O tempo decorrido do nascer do Sol é de 21:40-6:10= 15:30. Assim, a 16ª hora desde o nascer do Sol era o ponto dele. Este é governado pelo 16º planeta de Mercúrio. Depois, subtraindo múltiplos de 7 de 16, temos 2. Assim, a HORA (hora) é governada pelo 2º planeta de Mercúrio. Da lista dada acima, vemos que o 2º planeta de Mercúrio é a Lua. Assim, a HORA da Lua acontece às 9:40 pm.

1.3.12 Pañcāga

Pañcāṅga significa “um com 5 membros”. Os almanaques publicados na Índia com as posições planetárias são chamadas Pañcāṅgas. Junto com as posições planetárias, eles dão o início e o final de Tithi, Vāra (dia da semana – Domingo, Segunda, etc.), Nakṣatra, Yoga e Karaṇa, sua posição em cada dia. Estes cinco sãos os membros Pañcāṅga.

Quando escolhemos um Muhurta (um momento auspicioso para iniciar uma empresa), devemos escolher um auspicioso Tithi, Vāra, Nakṣatra, Yoga e Karaṇa.


1.3.13 Ayanāṃśa

Por causa do movimento de precessão da terra, o ponto de início do zodíaco tropical muda lentamente (com relação às estrelas fixas). O zodíaco tropical (sayana) é semelhante a medir as posições das árvores e edifícios, sentado em um ônibus que se move lentamente, o zodíaco sideral (nirayana), por outro lado, considera um zodíaco fixo. Ele considera o movimento do zodíaco tropical (analogia do nosso ônibus) e faz um ajustamento em conformidade. Nós usamos o zodíaco sideral na astrologia Védica. A diferença entre o zodíaco tropical e o sideral é de grande importância. O que as modernas efemérides nos dá são as posições tropicais dos planetas para converter estas posições, temos de subtrair a diferença entre os dois zodíacos. Esta diferença varia com o tempo. Assim como a precessão da terra muda a cada ano, a diferença entre o zodíaco tropical e o zodíaco sideral muda. Esta diferença é chamada de “Ayanāṃśa” (diferença sideral). Existem muitas opiniões sobre o valor correto de Ayanāṃśa, porque ninguém sabe corretamente que estrela supostamente inicia o ponto do zodíaco real. Usamos Citra Pakṣa/Lahiri Ayanāṃśa neste livro, que é aceito por muitos astrólogos Védicos da Índia.

1.4 SISTEMA DE DAŚĀS

Os sistemas Daśās são uma marca registrada da astrologia Védica. A astrologia Védica tem centenas de sistemas Daśā. Cada sistema Daśā divide a vida em períodos, sub-períodos, sub-sub-períodos e assim por diante. Todos os períodos são governados por diferentes planetas ou Rāśis. Alguns sistemas das Daśā são baseados em planetas, e alguns são baseados em Rāśi. Cada sistema Daśā é bom para mostrar os eventos  de uma natureza específica. Para cada sistema Daśā, temos algumas regras com base no que analisamos na carta natal e atribuímos diferentes resultados a diferentes períodos e sub-períodos. Cada sistema Daśā vem com regras para dividir a própria vida em períodos e sub-períodos e regras para atribuir diferentes resultados a diferentes períodos, baseado nas posições planetárias na carta natal. Estes períodos são chamadas “DAŚĀS”, ou “MAHĀDAŚĀS” (MD). Os sub-períodos são chamados “ANTARDAŚĀS” (AD). Os sub-sub-períodos são chamados “PRATYANTARDAŚĀS” (PD).

Algumas Daśās são boas para mostrar assuntos relacionados à longevidade e à morte. Elas são chamadas “AYUR DAŚĀS” (Daśās da longevidade). Algumas Daśās são boas para mostras resultados gerais. Elas são chamadas de “PHALITA DAŚĀS” (Daśās de resultados gerais).

A mente é uma importante parte de nossa existência e a Lua governa essa parte. Algumas Daśās são calculadas baseadas no Nakṣatra ocupado pela Lua e são chamadas de “NAKṢATRA DAŚĀS”. Algumas Daśās são baseadas nas Rāśis ocupadas pelos planetas e são chamadas de “RĀŚI DAŚĀS”.

Aprenderemos as 10 diferentes sistemas de Daśā neste livro. Os leitores não devem olhar para estas 10 Daśās como 10 diferentes alternativas para ver o mesmo evento na vida. Elas devem ser entendidas como formas de olhar os 10 diferentes aspectos do mesmo evento  da vida. Na verdade, algumas das Daśās ensinadas neste livro são limitadas a assuntos específicos. Por exemplo, devemos buscar em Drigdaśā para progresso espiritual e devemos buscar em Sudaśā para dinheiro e riqueza. Assim, algumas Daśās são limitadas para assuntos específicos.



1.5 Conclusão


O conteúdo deste Capítulo pode ser também rudimentar para a maioria dos leitores. Entretanto, para iniciantes poderá ser confuso.

O conteúdo dos primeiros capítulos deste livro podem parecer estar separado, mas as coisas vão ser colocadas em seus devidos lugares no decorrer. Os leitores devem pacientemente ir através do material na ordem apresentada. Tem de se trabalhar duramente sobre o básico. Uma vez que os princípios básicos estejam claros, a astrologia Védica será um assunto muito mais sistemático.

Alguns astrólogos ocidentais misturam astrologia ocidental com a astrologia Védica e produzem progressões, planetas além de Saturno etc na astrologia Védica. É bobagem sugerir que os Sábios que ensinaram tais técnicas brilhantes e técnicas refinadas não consideram alguns planetas porque eles não os conheciam. A astrologia Védica é uma matéria muito lógica e sistemática e não há necessidade de corrompê-la. Existem algumas técnicas da astrologia ocidental que não são usadas por nossos astrólogos Védicos contemporâneos, mas foram ensinados por videntes. Podemos aceitar estas técnicas. Um exemplo são as progressões. Elas não foram ensinadas por Parasara, mas foram ensinadas por Manu. Assim, podemos aceitá-las. Ma o uso de Urano, Netuno e Plutão não foram ensinados por quaisquer videntes da astrologia Védica. Devemos primeiramente tentar entender os ensinamentos dos Mahā Ṛṣis. Existe uma grande quantidade de largura e profundidade no conhecimento ensinado pelos Mahā Ṛṣis. Nosso foco deve ser compreender seus ensinamentos corretamente e não adicionar novas coisas ao conhecimento que nós só compreendemos superficialmente.

Os astrólogos ocidentais lendo este livro podem ter que desaprender algumas coisas antes que eles aprendam como ler este livro.



FIM DO CAPÍTULO 1

________________________________________



DIFERENÇAS ENTRE OS SISTEMAS TROPICAL E SIDERAL

1. Não vou dar uma explicação minuciosa da diferença entre os dois sistemas, ainda mais porque não caberia em uma nota de rodapé. Basta o leitor conhecer os seguintes pontos aqui:




a. O eixo de precessão da terra tem uma inclinação de cerca de 23º30’. O Sistema Sayana, ou método Tropical, faz os seus cálculos e previsões com base na chamada posição atual do Sistema Estelar, ou seja, levando em consideração esse eixo de precessão e, portanto, olhando para o céu e vendo as constelações, posições planetárias etc a partir desse ponto de vista.


b. O Sistema Sideral não considera esse eixo e continua olhando para o céu e baseando os seus cálculos como se a Terra estivesse completamente alinhada com a Estrela Polaris. Antes do evento do Kali Yuga, o eixo de precessão da terra estava totalmente alinhado com a Estrela Polaris, não havia qualquer inclinação, e, portanto, não havia qualquer distorção (māyā) entre o que se podia perceber e o que o era em realidade. Conforme o advento do Kali Yuga, o planeta Terra foi inclinando o seu eixo e gradualmente a percepção da realidade espiritual foi diminuindo. Estudar as Eras é de suma importância para entender o porquê da humanidade hoje se encontrar neste exato ponto existencial.

c. Essa diferença aponta diversas consequências. Como a Astrologia Védica é capaz de olhar o destino dos homens sem qualquer distorção, ela é capaz de ver o presente, o passado e o futuro de um ponto de vista espiritual e terreno e contendo em si todos os 4 objetivos de vida, o que não acontece com a Astrologia Tropical que, por ver o destino dos homens a partir desse eixo de inclinação, dessa (māyā), consegue  apenas apontar o imediatismo do aqui e do agora.

d. Falta ferramentas na Astrologia Tropical para explicar as inclinações dos seres viventes aqui na terra. Não digo isso por ser uma apaixonada pela Astrologia Védica, mas por ter estudado por anos primeiramente esse sistema tropical de predições para só então seguir pelo caminho da Astrologia Védica.

Por favor, não confunda o Kali Yuga (uma Era), com  Kālī, esta última uma Divindade.