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Capítulo 3 - Bṛhatparāśarahorāśāstra

Traduzido por Karen de Witt
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Somente os Ślokas foram traduzidos, preservando-se o trabalho didático do autor com suas análises e consequentes observações.
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CAPÍTULO 3. CARÁTER E DESCRIÇÃO DOS GRAHAS


1. Maitreya disse: Oh, Mahaṛṣi, você carinhosamente explicou sobre as encarnações dos Grahas. Agora gentilmente detalhe suas características e disposições.

2-3. Parāśara: Oh, Brahmane, ouça o relato da colocação dos corpos celestes. Dentre os muitos corpos luminosos avistados no céu, alguns são estrelas, mas alguns são Grahas. Aqueles que não têm movimentos e os locais pelo quais estão fixados são denominados Nakṣatras 31 (grupo de estrelas).

4-6. Aqueles que são chamados de Grahas são os que se movem através dos Nakṣatras (ou mansões lunares) no zodíaco. Este zodíaco compreende 27 Nakṣatras, começando de Aśvinī. A mesma área é dividida em 12 partes iguais para as 12 Rāśis começando de Meṣa (Áries). Os nomes dos Grahas, começando de Sūrya. A Rāśi ascendente é conhecido como Lagna32. Baseado no Lagna, os Grahas 33, aproximando-se e se distanciando uns dos outros, os bons e maus efeitos da natividade são deduzidos.

7. Detalhes (de natureza astronômica) das estrelas devem ser entendidos como regras gerais, enquanto eu narro a você os efeitos dos Grahas e das Rāśis.

8-9. As posições dos Grahas para um dado tempo dado devem ser tomadas como por Dṛgāṇita34. E com a ajuda da duração da Rāśi, aplicável aos respectivos locais, o Lagna ao nascimento deve ser conhecido. Agora, eu falarei sobre as casas, as descrições e as disposições dos Grahas.

10. Os Nomes dos Grahas. Os nomes dos nove Grahas35, respectivamente, são Sūrya, Candra, Maṅgala, Budha, Guru, Śukra, Śani, Rāhu e Ketu.

11. Benéficos e Maléficos. Dentre estes, Sūrya, Śani, Maṅgala, Candra decrescente, Rāhu e Ketu (os nodos ascendentes e descendentes de Candra) são maléficos, enquanto que o restante é benéfico, Budha, contudo, é um maléfico se ele se junta a um maléfico.



31. Nakṣatra é uma palavra masculina. Os Nakṣatras são grupos de estrelas, compreendendo 27 aceitáveis ao senso comum, e cada um desses grupos recebe um nome especial de acordo ou com sua natureza ou com sua função, a saber: Os 27 Nakṣatras (नक्शत्र) são: 1. Aśvinī (अश्वनी); 2. Bharaṇī (भरणी); 3. Kṛttikā (कृत्तिका); 4. Rohiṇī (रोहिणी); 5. Mṛgāśirṣā (मृगाशिर्षा) ou Mṛgaśira (मृगशिरा);  6. Ārdrā (आर्द्रा); 7. Punarvasu (पुनर्वसु); 8. Puṣya (पुष्य); 9. Āśleṣā (आश्लेष); 10. Maghā (मघा); 11. Purva ou Pūrva Phalgunī (पूरव फल्गुनी); 12. Uttara ou Uttara Phalgunī (उत्तर फल्गुनी); 13. Hasta (हस्त); 14. Citrā (चित्रा); 15. Svātī (स्वाती); 16. Viśākhā (विशाखा); 17. Anurādhā (अनुराधा); 18. Jyeṣṭhā (ज्येष्ठा); 19. Mūla (मूल); 20. Pūrva Aṣāḍhā (पूर्व अषाढा); 21. Uttara Aṣāḍhā (उत्तर अषाढा); 22. Śravaṇa (श्रवण); 23. Śraviṣṭhā ou Dhaniṣṭha (श्रविष्ठा) ou (धनिष्ठ); 24. Śatabhiṣā ou Śatatāraka ou Śatatāraka (शतभिषा) ou (शततारक); 25. Pūrva Bhādrapadā (पूर्व भाद्रपदा); 26. Uttara Bhādrapadā (उत्तर भाद्रपदा); 27. Revatī (रेवती).
32. O Lagna é um ponto muito importante no horóscopo. É a Rāśi que se levanta no Leste, na latitude do nascimento. O surgimento aparente de uma Rāśi se deve à rotação da terra sobre seu próprio eixo em uma taxa de movimento, causando sempre o grau do zodíaco aparentemente ascendendo no horizonte oriental. Aproximadamente duas horas são necessárias para uma Rāśi passar pelo horizonte, daí, cada grau leva em torno de 4 minutos para ascender. Esta duração, contudo, é, na verdade, dependente da latitude em questão. Na verdade Sūrya não tem movimento. Seu movimento é aparente e conforme visto do movimento de rotação da Terra.
33. Aqui ele fala do movimento dos Grahas, incluindo os nodos, que variam em suas taxas de movimento. Os principais movimentos diários dos Grahas, os quais não são, contudo, constantes, são os seguintes: Sūrya 00º-59’ – 10.68”; Candra 13º-20’; Maṅgala 00º-31.26’-46”, Budha 01º-40’, Guru 00º-04’-59.17”; Śukra 01º-36”; Śani 00º-02’-00.4”; Rāhu/Ketu 00º-3’-11”. Com estes movimentos diferentes, um Graha lança várias dṛṣṭis sobre os outros. Estas dṛṣṭis, através das distancias longitudinais, têm uma grande utilidade em Jyotiṣa. É o que Mahaṛṣi Parāśara sugere que deve ser considerado.
34. Dṛgāṇita – de um respeitável tratado de aritmética. Ou seja, o cálculo da posição de um Graha ao nascimento, deve ser calculado com base em tais ensinamentos.
35. O texto em Sanscrito descreve os Navagrahas na seguinte passagem, Capítulo 3-10:

Atha kheṭā ravicandro maṅgalaśca budhastathā |
Guruḥ śukraḥ śanī rāhuḥ ketuścaite yathākramas ||10||
               
Ou seja, “agora o agrupamento Ravi (Sol), Candra (Lua), Maṅgala (Marte) e Budha (Mercúrio) também. Guru (Júpiter), Śukra (Vênus), Śani (Saturno), Rāhu (Rāhu) e Ketu (Ketu) em adição, estão arranjados dessa forma”.

Os Navagrahas são:

(1) Sūrya (सूर्य) – o Sol, ou a divindade. No Veda o nome Sūrya é distinto de Savitṛi, e indica o mais concreto dos Deuses Solares cuja relação com a própria luminária está sempre presenta na mente poética. Em Nirukta, por Yāska, VII, 5, ele está relacionado com a tríade original védica, seu local sendo o céu ao passo que Agni está sobre a terra e Indra está na atmosfera. Dez Hinos no Rig Veda são inteiramente dedicados ao louvor de Sūrya. Sua presença também é descrita e louvada no Artha Veda, XIII, 2, onde está escrito que “Ele se move no céu em uma carruagem puxada por sete cavalos avermelhados”. Posteriormente, nas mais recentes descrições, Sūrya aparece relacionado com Savitṛi, como um dos 12 Ādityas ou emblemas do Sol nos 12 meses do ano, e sua carruagem com 7 cavalos é descrita como sendo puxada por Aruṇa, ou pelo Amanhecer, que é descrito sem pernas. Veja Dicionário M-Monier Williams, de Sanscrito.

O Sol, quer chamado de Sūrya ou de Vivasvat, tem muitas esposas. Daí sua posição tanto no Lagna, onde ele lança uma dṛṣṭi sobre a casa 7, ou em Yuvatī Bhāva, diminui a felicidade na vida conjugal. No primeiro caso, faz a pessoa renunciar ao casamento por “n” motivos que podem ser investigados através das demais posições planetárias no mapa. No último caso faz a pessoa encontrar um conjugue dominador e isso também não é bom para o relacionamento.

(2) Candra (चन्द्र) – uma divindade lunar e um dos navagraha. Significa brilhante, brilhosos, lustroso etc. No Rig Veda ele é descrito como uma divindade, um deus da água e frequentemente relacionado à divindade Soma e por isso Candra preside sobre as plantas, vegetações e águas.

(3) Maṅgala (मंगल) – é o nome do planeta Marte. Em Monier Williams, Maṅgala deriva da raiz Maṅg que significa felicidade, bem estar e bem aventurança, qualquer coisa auspiciosa e que dá boa sorte, ou seja, bons presságios, uma oração, benção ou amuleto etc.
(4) Budha (बुध);
(5) Bṛhaspati (बृहस्पति);
(6) Śukra (शुक्र);
(7) Śani (शनि):
(8) Rāhu (राहु) e (9) Ketu (केतु) – Rāhu é o nome de um Daitya, ou demônio que supostamente agarra o Sol e a Lua e assim causa eclipses. Ele é referido como o filho de Vipra-citti e Sinhikā e tem um rabo de dragão. Quando os Devas estavam sacudindo o oceano em busca do Amṛita, o néctar da imortalidade, ele se disfarçou entre os Devas e bebeu um pouco desse néctar. Mas tanto Sūrya quanto Candra descobriram a fraude e a revelaram para Viṣṇu, que cortou Rāhu ao meio. A parte de sua cabeça é conhecida como Rāhu e a outra metade, a cauda, é conhecida como Ketu. Como Rāhu já havia bebido o néctar da imortalidade, ele não podia mais morrer, daí ele se tornou fixo na esfera celeste e para se vingar de Sūrya e de Candra que o deletaram, ele ocasionalmente causa eclipses, enquanto que o rabo, chamado Ketu, faz nascer inúmeros cometas e meteoros furiosos. Rāhu na Astrologia é o Nodo Norte, enquanto Ketu é o Nodo Sul. Rāhu também é descrito como a cabeça do dragão, como o nodo ascendente da Lua (ou o ponto onde a Lua intercepta a elíptica, passando para o Norte). Como um dos Navagrahas, ele governa sobre a direção Noroeste do Quadrante (Laghuj); No Artha Veda a palavra Rāhu é usada para descrever um eclipse ou o início de algo que está sendo ocultado ou obscurecido.


12-13. Governo dos Grahas. Sūrya é a alma de tudo. Candra 34 é a mente. Maṅgala é a força de uma pessoa. Budha é o doador do discurso. Guru confere conhecimento e felicidade. Śukra governa o sêmen (potência). Śani indica sofrimento.

14-15. Ministério dos Grahas. Sūrya e Candra têm o status de Realeza. Maṅgala é o Chefe do Exército. Budha é o Príncipe aparente. Os Grahas ministeriais são Guru e Śukra. Śani é um servo. Rāhu e Ketu formam o Exército.

16-17. Aparência dos Grahas. Sūrya é vermelho-sangue. Candra é amarelo acastanhado. Maṅgala, que não é muito alto, é vermelho sangue, enquanto a cor de Budha é parecida com o verde grama. Amarelo acastanhado, matizado e escuro é Guru, Śukra e Śani nesta ordem.

18. Divindades dos Grahas35. Fogo (Agni), Água (Varuna), Subrahmanya (filho do Senhor Śiva, seguinte a Gaṇeśa), Mahā Viṣṇu, Indra, Śācī Devī (a consorte do Senhor Indra) e Brahmā são as divindades que presidem os 7 Grahas, nesta ordem.

19. Gênero dos Grahas36. Budha e Śani são neutros. Candra e Śukra são femininos, enquanto que Sūrya, Maṅgala e Guru são masculinos.

20. Compostos Primordiais37. Os Pañcabhūtas (ākāśa, ar, fogo, água e terra) são, respectivamente, governados por Guru, Śani, Maṅgala, Śukra e Budha.

21. Castas (Varṇa) dos Grahas38. Guru e Śukra são Brahmanes. Sūrya e Maṅgala são Grahas Reais e pertencem à casta dos Kṣatriyas. Candra e Budha pertencem à comunidade comercial (Vaśiya). Śani governa os Śūdras (a 4ª casta).

22. Os Grahas Sattvicos são os Luminares (Sūrya e Candra) e Guru; Śukra e Budha são Rajasicos, enquanto que Maṅgala e Śani são Tamasicos.


33. Note que a órbita Lunar está inclinada a 5º-09’ à eclíptica (plano horizontal que passa através do centro da Terra e do Sol) e os Nodos ascendente e descendente da órbita da Lua, que o ponto no qual a Lua cruza a eclíptica no hemisfério Norte e Sul, respectivamente, regressa (em um movimento anti horário se visto do Norte) para completar a volta inteiro depois de 18.6 anos. Estes pontos são conhecidos como Rāhu e Ketu na Astrologia Indiana.

Em adição do Santhanam até o Śloka 12-13. Quando Candra está à frente de Sūrya, mas dentro de 120, ele tem força mediana. Entre 120-140, ele é muito auspicioso (veja Atishubhapred). A partir de 240 a 0, ele está desprovido de força. Este é o ponto de vista de Yavanas. Este ponto de vista, contudo, descreveu a força de Candra, ou de outro modo, enquanto que Candra minguando (Kṛṣṇa Pakṣa, metade escura) é um maléfico, enquanto que Candra aumentando (Śukla Pakṣa, metade clara) é um benéfico. Caso Candra esteja em yuti com um benéfico, ou recebendo dṛṣṭi de um benéfico, ele se torna benéfico, mesmo se em estado de minguante. Com relação a Budha, temos instruções claras de Mahaṛṣi Parāśara, que ele se torna maléfico se estiver junto de um maléfico. Se Candra minguante e Budha estiverem juntos, ambos se tornam benéficos.

34. Além dos Avātaras do Senhor Viṣṇu, Parāśara descreve as Divindades Associadas a cada Graha de acordo com sua Natureza, a saber: Sūrya (é pleno de Agni, o Deva que preside sobre o fogo), Candra (é pleno de Varuna, o Senhor das Águas), Subrahmanya (filho do Senhor Śiva representa Maṅgala), Mahā Viṣṇu para Budha Graha por sua Natureza Sattvica, Indra para Bṛhaspati, Śacī Devi para Śukra, e Brahmā para Śani.

35. Todos os Grahas são masculinos e possuem, cada um, sua Consorte. O gênero aqui citado é aplicado às previsões dadas à natividade em relação aos kārakas, nascimentos de filhos., etc e outras disposições em função da análise geral.

36. Os Pañca Bhūtas, (1) Ākāśa (Bṛhaspati), (2) Vāyu (Śani), (3) Jāla (Candra), (4) Pṛthvi (Budha) e (5) Agni (Maṅgala) – tudo em sua forma sutil, que são os Tanmatra, ou também chamado de os Cinco Potenciais Sutis são dado aos 5 Grahas, excetuando Sūrya, Śukra, Rāhu e Ketu. Entretanto, em outros comentários, é mostrado que Śukra e Candra estão plenos de Jāla (água), Sūrya e Maṅgala estão plenos de Agni, Śani está pleno de Vāyu, Bṛhaspati de Ākāśa; Budha de Pṛthvi, sendo Rāhu igual a Śani e Ketu igual a Maṅgala, dando a eles, por semelhante Natureza, força direcional de acordo com tais constituintes.

37. O Varṇa, ou sistema de casta, é citado já no Rig-Veda (10.90.12), em “Hino ao Homem”, ou Puruṣa-Sikta, ao afirmar: “O Brahmane (Brahmanes, Sacerdotes, casta de professores) é a Sua boca; o guerreiro (Kṣatriya) foi formado de Seus braços; aquele é mercador (Vaiśya, comerciantes, pessoas que produzem através da terra etc) veio de Suas coxas; e dos Seus pés nasceu o Servo (Śūdra)”. Só existiam 4 castas neste sistema.


23. Descrição de Sūrya. Os olhos de Sūrya são de uma cor de mel. Ele tem um corpo quadrado. Ele é de hábitos asseados, bilioso, inteligente, viril, e tem limitado cabelo (em sua cabeça).

24. Descrição de Candra. Candra é muito ventoso e fleumático (quem controla suas emoções). Ele é instruído e tem um corpo arredondado. Ele tem uma aparência auspiciosa e um discurso doce, é de espírito inconstante e muito sensual.

25. Descrição de Maṅgala. Maṅgala é cruel, tem olhos vermelho cor de sangue, é de espírito inconstante, liberal, bilioso, dado à raiva e tem cintura fina e físico magro.

26. Descrição de Budha. Budha está dotado com um físico atrativo e a capacidade de usar as palavras com muitos significados. Ele gosta de piadas. Ele tem uma mistura de todos os três humores, ou seja, Pitta, Vāta, Kapha.

27. Descrição de Guru. Guru tem um corpo grande, cabelo amarelo acastanhado e olhos da mesma cor, é fleumático, inteligente e instruído nos Śāstras.

28. Descrição de Śukra. Śukra é charmoso, tem um físico esplendoroso, é excelente, ou grande em disposição, tem olhos charmosos e brilhantes, é um poeta, é fleumático e ventoso e tem cabelos encaracolados (crespo).

29. Descrição de Śani. Śani tem um corpo longo e emagrecido, tem olhos amarelo acastanhado, é ventoso no temperamento, tem dentes longos, é preguiçoso e coxo, e tem cabelos ásperos.

30. Descrição de Rāhu e Ketu. Rāhu tem uma aparência esfumaçada com tom azul misturado em seu físico. Ele mora nas florestas e é horrível. Ele é ventoso em temperamento e é inteligente. Ketu é parecido com Rāhu.

31. Ingredientes Primários (ou os Saptha Dhātus). Ossos, sangue, medula, pele, gordura, sêmen e músculos são, respectivamente, indicados pelos Grahas: Sūrya (ossos), Candra (sangue), Maṅgala (medula), Budha (pele), Guru (gordura), Śukra (sêmen) e Śani (músculos).

32. Morada dos Grahas. Templo, local aquoso, local de fogo, campo de esportes, casa do tesouro, quarto e depósito de lixo; estes são, respectivamente, as moradas para os sete Grahas a partir de Sūrya em diante. Ou seja, Sūrya (templo), Candra (local com água), Maṅala (local de fogo), Budha (campo de esportes), Guru (casa do tesouro), Śukra (quarto), Śani (campo sujo).

33. Períodos dos Grahas. Ayana (metade de um ano), Muhurtha, Um dia (consistindo dia e noite), Ṛtu, Mês (Maśe), Quinzena (Pakṣa) e Ano; estes são os períodos alocados aos Grahas de Sūrya em diante. Ou seja, Sūrya (ayana), Candra (Muhurtha), Maṅgala (Ṛtu), Budha (um dia), Guru (mês), Śukra (quinzena), Śani (ano).

34. Paladar dos Grahas. Picante, salgado, amargo, misto, doce, ácido e adstringente são, respectivamente, os paladares governados por Sūrya, Candra, Maṅgala, Budha, Guru, Śukra e Śani.

35-38. Forças dos Grahas. Forte no Leste são Budha e Guru. Sūrya e Maṅgala são fortes no Sul, enquanto Śani é o único Graha que tem força no Oeste. Candra e Śukra são dotados com vigor quando no Norte. Novamente, forte durante a noite são Candra, Maṅgala e Śani, enquanto que Budha é forte durante o dia e a noite. O restante (Guru, Sūrya e Śukra) são fortes somente de dia. Durante a metade escura os maléficos são fortes. Os benéficos adquirem força na metade clara do mês. Os maléficos e benéficos são, respectivamente, fortes em Dakṣiṇayana e Uttarayana, os Senhores do ano, mês, dia e Horā (hora do Graha) são mais fortes do que os outros em ordem ascendente. Novamente, mais forte do que os outros em ordem ascendente são Śani, Maṅgala, Budha, Guru, Śukra, Candra e Sūrya.

39-40. Árvores Relacionadas. Sūrya governa as árvores fortes (ou seja, árvores com troncos fortes), Śani governa as árvores inúteis, Candra governa as árvores leitosas (aquelas que têm seiva branca), Maṅgala governa as árvores amargas (como limoeiros), Śukra governa as plantas florais, Guru governa as plantas frutíferas, e Budha governa as árvores infrutíferas.

41-44. Outras Questões. Rāhu governa os sem casta, enquanto Ketu governa as castas misturadas. Śani e os nodos indicam formigueiros. Rāhu indica roupas coloridas e Ketu indica trapos. Chumbo e pedra azul pertencem a Rāhu e Ketu. Sūrya, Candra, Maṅgala, Budha, Guru, Śukra e Śani nesta ordem governam seda vermelha, seda branca, seda vermelha, seda preta, açafrão, seda e roupas coloridas.

45-46. Estações dos Grahas. Vasanta, Grīṣma, Varṣa, Śarada, Hemanta e Śiśira são os seis Ṛtus (ou estações), respectivamente governados por Śukra, Maṅgala, Candra, Budha, Guru e Śani. Rāhu e Ketu indicam 8 meses e 3 meses, respectivamente.

47. Divisões de Dhatu, Mūla (raízes) e Jīva (seres viventes). Dhatu Grahas são Rāhu, Maṅgala, Śani e Candra, enquanto Sūrya e Śukra são Mūla Grahas. Budha, Guru e Ketu governam Jīvas.
                                                                                                  
48. Idade. De todos os Grahas Śani é o mais velho. Ele concede o máximo número de anos no Naisargika Daśā.

49-50. Exaltação e Debilidade. Para os 7 Grahas, de Sūrya em diante, a exaltação das Rāśis são, respectivamente, Meṣa (áries), Vṛṣabha (touro), Makara (capricórnio), Kanyā (virgem), Karkaṭa (câncer), Mīna (peixe) e Tulā (libra). O grau mais profundo de exaltação são, respectivamente, 10, 3, 28, 15, 5, 27 e 20 naquelas Rāśis. E na 7ª Rāśi a partir da dita Rāśi de exaltação, cada Graha tem sua própria debilidade. Os mesmos graus de profunda exaltação se aplicam na debilidade profunda.

51-54. Dignidades Adicionais. Em Siṁha (leão), os primeiros 20 graus são o Mūlatrikoṇa de Sūrya, enquanto o resto é o seu próprio Bhāva. Depois, os primeiros 3 graus da porção de exaltação em Vṛṣabha (touro), para Candra, o resto é seu Mūlatrikoṇa. Maṅgala tem os primeiros 12 graus em Meṣa (áries) como seu Mūlatrikoṇa com o restante daí se tornando simplesmente seu próprio Bhāva. Para Budha, em Kanyā (virgem) os primeiros 15 graus são sua zona de exaltação, os 5 graus seguintes é o seu Mūlatrikoṇa e os últimos 10 graus é seu próprio Bhāva. Do primeiro ao terceiro de Dhanu (sagitário) é o Mūlatrikoṇa de Guru, enquanto o restante é seu próprio Bhāva. Śukra divide Tulā em duas metades, mantendo a primeira como seu Mūlatrikoṇa e a segunda metade como seu próprio Bhāva. Os arranjos de Śani são os mesmos em Kumbha (aquário), bem como Sūrya em Siṁha. [*] Veja abaixo tabela com outros pontos de vista.

55. Relacionamentos Naturais. Os Senhores das Rāśis que são a 4ª, 2ª, 12ª, 5ª, 9ª e 8ª a partir do Mūlatrikoṇa de um Graha e os Senhores das Rāśis de exaltação de cada Graha são amigos de um planeta em específico. Senhores de outras Rāśis além destas são seus inimigos. Os planetas que têm as características de ambos, amigos e inimigos, são neutros ao dito planeta. Assim deve ser entendido o relacionamento entre os Grahas.

56. Relacionamentos Temporários. O Graha posicionado na 2ª, 3ª, 4ª, 10ª, 11ª ou 12ª do outro, torna-se amigo mútuo (ou amigo daquele planeta). Caso contrário haverá inimizade. (Isto se aplica ao Janma Kuṇḍalī).

57-58. Relacionamento Composto. Devem dois Grahas ser amigos natural e temporal e eles se tornam extremamente amigos. Amizade por um lado e neutralidade por outro os fazem amigos. Inimizade por um lado combinado com afinidade de outro, os tornam iguais. Inimizade e neutralidade causa somente inimizade. Caso haja inimizade de ambos os lados, a extrema inimizade é obtida. O Jyotiṣika deve considerar isto e declarar os efeitos do horoscopo conformemente.

59-60. Relação dos Efeitos. Um Graha em exaltação dá plenitude de bons efeitos, enquanto que no Mūlatrikoṇa é desprovido de seus efeitos auspiciosos por ¼ (fica com 75%). Ele é metade benéfico em seu próprio Bhāva (50%). Sua beneficência é ¼ (75%) em uma Rāśi amiga. Em uma Rāśi neutra 1/8 (12.5%) de sua disposição auspiciosa é proveitoso. Os bons efeitos são nulos em debilidade ou em campo inimigo. Efeitos inauspiciosos são bastantes invertidos com relação ao que foi citado.

61-64. Upa Grahas Não Luminosos (Sub-Grahas).  Adicione 4 Rāśis 13 graus e 20 Kālas (minutos) de arco à longitude de Sūrya no momento do nascimento para obter a exata posição do inauspicioso Dhūma. Reduza Dhūma de 12 Rāśis para chegar a Vyatipāta. Vyatipāta também é inauspicioso. Adicione 6 Rāśis a Vyatipāta para saber a posição de Pariveśa. Ele é extremamente inauspicioso. Subtraia Pariveśa de 12 Rāśis para chegar à posição de Chap (Indra Dhanus), que também é inauspicioso. Adicione 16 graus e 40 minutos a Chap, o qual chegará a Ketu (UpaKetu), que é um maléfico. Pela adição de uma Rāśi a UpaKetu, obtém-se a longitude original de Sūrya no momento do nascimento. Estes são os Grahas desprovidos de esplendor, os quais são maléficos por natureza e causam aflição.

65. Efeitos dos Sub-Grahas. Se um destes (5 Grahas não luminosos) afligem Sūrya, a dinastia do nativo irá declinar, enquanto que Candra e Lagna, respectivamente, associados com um destes, destruirá a longevidade e a sabedoria. Assim declarou Senhor Brahmā, o Lótus Nascido.
                                                      


GRAHA
GOVERNANTE DA RASI
EXALTAÇÃO NA RASI
DEBILIDADE DA RASI
MOOLATRIKOṆA


(maior exaltação)
(menor debilidade)

Sol
Leão
Áries (10°)
Libra (10°)
Leão (20°)
Lua
Cân
Touro (3°)
Escorpião (3°)
Touro (27°)
Marte
Ári e Esc
Capricórnio (28°)
Câncer (28°)
Áries (12°)
Mercúrio
Gêm e Vir
Virgem (15°)
Peixes (15°)
Virgem (16° a 20°)
Júpiter
Sag e Pei
Câncer (5°)
Capricórnio (5°)
Sagitário (10°)
Vênus
Tou e Lib
Peixes (27°)
Virgem (27°)
Libra (5°)
Saturno
Cap e Aqu
Libra (20°)
Áries (20°)
Aquário (20°)
Rāhu
Aqu
Gêmeos
Sagitário
Virgem
Ketu
Esc
Sagitário
Gêmeos
Peixes


66-69. Cálculos de Gulikā., etc. As porções de Sūrya, etc a Śani, são determinados os períodos de Gulikā e outros. Divida a duração dia (de qualquer dia da semana) em 8 partes iguais, começando de Vāreśa (Senhor de Vāra, o governante do dia da semana em que o nativo nasceu). A 8ª porção é o Senhor menor. As 7 porções são distribuídas para os 7 Grahas começando do Senhor do dia da semana (Vāreśa). Seja qual for a porção governada por Śani, ela será a porção de Gulikā. Semelhantemente divida a duração da noite em 8 partes iguais e distribua-as começando pelo Senhor da 5ª casa contada do Vāreśa. Aqui, novamente, a 8ª porção é o Senhor menor, enquanto a porção de Śani é Gulikā. A porção de Sūrya é Kalavela; de Maṅgala é Mṛtyu; de Guru, Yamaghaṇṭaka; e a porção de Budha é Ardhaprahara. Estas durações diferentemente usadas em diferentes locais (compatíveis com a variação da duração do dia e da noite).

70. Posição de Gulikā. O grau que ascende no momento do início da porção de Gulikā (como acima), será a longitude de Gulikā naquele local. Somente com base nesta longitude, os efeitos de Gulikā para uma natividade em particular deve ser estimada.

71-74. Cálculo do Prāṇapāda. A partir do Pramana (Mana) da ¼ parte de 36º (graus) ou 90 ou 15 pala, se Sūrya estiver situado em Rāśi móvel (áries, câncer, libra, capricórnio) etc., a partir de Sūrya aos outros Grahas, na ordem do Trikoṇa (1,5,9) do nascer do sol ao Iṣṭa Kāla, aquele Lagna é chamado Prāṇapāda.  Converta a hora do nascer do sol ao Janameṣṭa Kāla (o momento do nascimento) em palas e divida por 15. A Rāśi resultante, os graus, etc., devem ser adicionados a Sūrya se ele está em uma Rāśi móvel o qual irá produzir Prāṇapāda. Se Sūrya estiver em uma Rāśi fixa (touro, leão, escorpião, aquário), então é a 9ª Rāśi contada dele que deve ser adicionada (ou seja, adicionando 8 Rāśis ao Prāṇapāda já obtido); e se em uma Rāśi dual (gêmeos, virgem, sagitário, peixes), então se deve adicionar a 5ª Rāśi contada dele (ou seja, adicionando 4 Rāśis) para obter Prāṇapāda. O nascimento será auspicioso se Prāṇapāda cair na 2ª, 5ª, 9ª, 4ª, 10ª ou 11ª do Lagna Natal. Nos outros Bhāvas, Prāṇapāda indica um nascimento inauspicioso.


Notas: Ardhapraha, Yamaghaṇṭa, Mṛtyu, Kāla e Gulikā são os 5 Kālavelās (*) sugeridos por Mahaṛṣi Parāśara. A duração do dia, de acordo com a altitude, é divida em 8 partes iguais. A 8ª porção é sem Senhor. A 1ª porção está alocada ao Senhor do dia da semana. Outras porções seguem a ordem do dia da semana dos Senhores. Consideramos 5 porções dos Grahas, ignorando aquele de Candra e de Śukra. As porções de Sūrya, Maṅgala, Budha, Guru e Śani são, respectivamente, chamados de Kāla, Mṛtyu, Ardhaprahara, Yamaghaṇṭa e Gulikā.

No caso das durações da noite, ou 1/8ª partes são alocadas em uma ordem diferente. A 1ª porção vai para o Graha governando o Senhor do 5º dua da semana contado do dia em questão. Os outros seguem a ordem normal. Aqui novamente a 8ª parte é sem Senhor. As porções dos Grahas de Kāla a Gulikā são as mesmas na nomenclatura da noite também.

Kīranuru Nataraja de Jatakalankaram (versão Tamil) dá as dignidades destes UpaGrahas e de Gulikā nas Rāśis.  (Upagraha e Gulikā: Exaltação, Debilidade, Svakshetra (a própria Rāśi): Dhūma: Siṁha, Kumbha, Makara; Vyatipāta: Vṛścika, Vṛṣabha, Mithuna; Pariveśa (: Mithuna, Dhanu, Dhanu; Indrachapa: Dhanu, Mithuna, Karkaṭa; Upaketu: Kumbha, Siṁha, Karkaṭa; Gulikā: ... , ... , Kumbha; Yamaghaṇṭa: ... , ... , Dhanu; Ardhaprahara: ... , ... , Mithuna; Kāla: ... , ... , Makara; Mṛtyu: ... , ... , Vṛścika

De Sūrya a Śani ninguém está exaltado nas Rāśis de exaltação acima mencionadas, nem debilitado nas Rāśis de debilidade acima mencionadas.

Dos 5 Kālavelās, ou seja, Gulikā etc, quatro, exceto Kāla (relacionado a Sūrya) têm seus sistemas próprios de Rāśis nas respectivas Rāśis governadas por seus pais. Ou seja, Gulikā é filho de Śani e tem Kumbha como seu próprio Bhāva. O filho de Guru é Yamaghaṇṭa, seu Bhāva é Dhanu. Ardhaprahara é filho de Budha e sua própria Rāśi é Mithuna. Mṛtyu é filho de Maṅgala, tem Vṛścika como seu próprio Bhāva. Não se sabe porque Kāla, um filho de Sūrya foi transferido para Makara, uma Rāśi de seu irmão (Śani), deixando a Rāśi de seu pai, que é Siṁha. Obviamente, Śani deu seu Mūlatrikoṇa para seu filho Gulikā, enquanto ele deu Makara (uma Rāśi secundária) para seu “irmão” Kāla. (*) Kālavelā – é a ‘hora de Śani’, um particular momento do dia no qual qualquer ato religioso é impróprio.


Meṣa
Áries
Móveis, cardinais
Tulā
Libra
Móveis, cardinais
Vṛṣabha
Touro
Fixos
Vṛścika 
Escorpião
Fixos
Mithuna
Gêmeos
Duais, mutáveis, comuns
Dhanus
Sagitário
Duais, mutáveis, comuns
Karkaṭa
Câncer
Móveis, cardinais
Makara
Capricórnio
Móveis, cardinais
Simha
Leão
Fixos
Kumbha
Aquário
Fixos
Kanyā
Virgem
Duais, mutáveis, comuns
Mīna
Peixes
Duais, mutáveis, comuns